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Iniciando nossos posts sobre revistas famosas que marcaram época, hoje falamos sobre a bíblia da cultura pop dos anos 80/90, a revista inglesa The Face.
Antes da internet e das mídias sociais, existiu uma revista que era uma espécie de guia para minha geração, que foi jovem nos anos 80 e buscava o que estava acontecendo de mais moderno no mundo pop.
Música, cinema, moda, comportamento, cultura club, games, design, arte, quadrinhos, as novas drogas que surgiam: The Face cobria todos estes assuntos e muito mais, quem saía na capa da revista era o que de mais bacana estava acontecendo naquele momento.
Lembro em correr para a banca de importados e procurar pelo meu exemplar, tendo sido ávido leitor da revista durante os períodos do final dos anos 80, toda a década de 90 e início dos anos 00.
A revista iniciou suas atividades em 1980, em Londres, graças ao talento de Nick Logan, o editor do NME (New Musical Express) na década de 70, além de publicações como Arena (a ótima revista de moda masculina), Arena Homme Plus (também de moda masculina, porém com dois exemplares por ano), Smash Hits (de música pop), Frank, Deluxe, entre outras.
Logan percebia a falta de revistas que cubrissem a cultura jovem de maneira inteligente e que fizesse a conexão perfeita entre música e moda.
Logo que surgiu, a The Face tinha o design gráfico realizado por Neville Brody, o icônico designer inglês que arrasava na tipografia e no visual que a revista teve no período de 1981 a 1986, logo no começo de sua existência.
Brody é que deu a cara para a The Face se sobressair em relação à concorrência, com suas páginas altamente elaboradas que prendiam a atenção de quem folheava a revista. Seus designs eram arrojados, era uma linguagem moderna e inovadora.
Com seu toque, Brody modificou a comunicação visual da época, elaborando capas de discos (de grupos como Cabaret Voltaire), posters, além de contribuir com outras revistas como Per Lui, Lei, Arena (onde foi o diretor de arte de 1987 a 1990), entre outras.
Mas os primeiros logos não foram criados por Brody e sim por Steve Bush, que trabalhava com Logan na Smash Hits. Mas é dele o logo em duas cores (vermelho e branco) e que durante muito tempo identificou a revista.
Outra dos momentos de sorte de Logan foi que quando ele lançou a The Face, as revistas NME e Melody Maker estavam em greve e isto ajudou a vender os primeiros exemplares da nova revista.

Outra capa marcante da The Face, com o tema ‘Hell’s angels”, falando sobre moda masculina (quando era um assunto pouco falado na Inglaterra).
A revista adorava a cultura jovem, os movimentos que surgiam na Inglaterra, que eram definidos por sua influência na moda e na música, como o punk, pós punk, góticos, buffalo, hip hop; enfim, tudo que surgia, a revista estava sempre de olho e antenada para tudo.
Assim foi com os new romantics por exemplo, com a revista dando capa e várias matérias quando o movimento apenas começava.
Foi na The Face que foram publicados as primeiras fotos do chamada “Buffalo Look”, o estilo criado pelo stylist Ray Petri (que trabalhou na revista como editor de moda free-lancer) e que dominou o mundo pop de meados dos anos 80, com artistas como Neneh Cherry, Nick e Barry Kamen, Soul II Soul, entre outros.

O teen model Felix (que até fez clipe com Madonna) na icônica capa “Killer” fotografada por Jamie Morgan, com styling de Ray Petri, no auge do Buffalo style.
E justamente isso, a The Face fazia com maestria: capturar o que a juventude fazia, quais eram seus gostos, quais seus comportamentos, a música que gostavam de ouvir e a roupa que gostavam de vestir.
Imaginem uma época em que não havia a internet para se informar, dependíamos apenas das revistas nacionais e das importadas, que “salvavam” nossas vidas e as três principais eram a The Face, I-D (que surgiu nove meses depois da Face e existe até hoje) e The Blitz (que também não existe mais).

Outro número icônico, desta vez falando de Jean Paul Goude e o visual que ele criou para Grace Jones.
E não pensem que era fácil de achar, ela chegava em pequenas quantidades no Brasil, somente em bancas especializadas, era cara e muitas vezes tinha que reservar para não ficar sem seu exemplar.
Durante os anos 80 e 90, a The Face dominou este mercado, claro que existia a concorrência, mas a revista tinha algo especial, os textos, as fotos, tudo era altamente bem elaborado e exclusivo.

Capas da The Face (no sentido horário): Tim Simenon (do Bomb the Bass), Neneh Cherry, Jazzie B. (do Soul II Soul) e Jean Paul Gaultier.
Os fotógrafos adoravam a qualidade do papel e a produção da The Face, por isto colaboravam direto com a revista, tendo aberto caminhos para nomes como Nick Knight, Jamie Morgan, e outros.
Para se ter uma ideia: no início dos anos 90, a The Face foi a primeira revista a publicar um editorial da fotógrafa Corinne Day (que era colaboradora da revista e faleceu em 2010) com a então iniciante modelo Kate Moss, num editorial de oito páginas que virou icônico.
Day acabou criando um estética (junto com fotógrafos como David Sims) denominada de heroin chic, que acabou tomando conta da moda e gerando muita polêmica.
A revista entrou nos anos 90 a mil, trabalhando com fotógrafos como Mario Sorrenti, David LaChapelle, Ines van Lamsweerde and Vinoodh Matadin, Jean-Baptiste Mondino, Juergen Teller, Stéphane Sednaoui, Craig McDean, Steven Klein, Mario Testino, Terry Richardson e muitos outros.
Os editorias da revista eram sensacionais, sempre lançando tendências e com imagens bem marcantes, que não costumávamos ver nem nas revistas de moda, pois a Face era sempre mais underground, mais a frente das outras.
Além de ter contado com jornalistas como Julie Burchill, Tony Parsons, Jon Savage, Dylan Jones, Fiona Russell Powell, James Truman, Gavin Hills (falecido em 1997), entre outros.
Depois da saída de Brody, outros criativos diretores de arte assumiram o visual da revista, que sempre manteve sua modernidade e vanguarda, incluindo Lee Swillinghan (que foi o diretor de arte entre 1993-1999), Craig Tilford (de 1999 a 2002) e Graham Rounthwaite (2002-2003).
Em suas capas, a revista já colocou um verdadeiro who’s who que incluiu Madonna, Kate Moss, Björk, Prince, David Bowie, Leonardo di Caprio, Uma Thurman, Oasis, Beastie Boys, Isabella Rossellini, New Order, Alexander McQueen, Boy George, Kurt Cobain, Annie Lennox, River Phoenix, Siouxsie & the Banshees, Grace Jones, Ewan McGregor, David Beckham, Beyoncé, e muitos outros.

Alexander McQueen ilustrava a capa de uma The Face de 1998, clicado por seu amigo e colaborador Nick Knight.
A revista sofreu um duro golpe em 1992, quando Jason Donovan (então famoso cantor pop) processou a revista por insinuar que ele era gay e acabou vencendo e recebeu uma indenização polpuda.

Assuntos polêmicos como as drogas mereciam capas e extensas matérias escritas por quem entendia do assunto.
Em 1999, a revista foi vendida para o conglomerado editorial EMAP.
Outra modelo brasileira que fez uma foto especial, de página central, para a revista foi Shirley Mallmann, nesta imagem abaixo vestindo McQueen e clicada por Nick Knight, em 1998.
Num de seus últimos números comemorativos (do 20º aniversário), La Chapelle fez esta marcante imagem de Gisele Bündchen enrolada no logo da revista.
Porém, durante os anos 00, com a internet começando a bombar, as vendas da revista começaram a decair e a EMAP resolveu fechá-la em 2004, para o desgosto de seus fãs.

Capa de 2001 cujo tema era Party Hard, sobre os clubbers que andavam exagerando nas festas. A foto é de Terry Richardson.
No ano que vem, deve ser publicado o livro “Legacy: the story of The Face”, do jornalista Paul Gorman (que também deve lançar uma biografia sobre Malcom McLaren), que vai nos contar toda a história da publicação, bem como destacar seus melhores momentos- capas, editoriais – enfim, será uma maneira de recuperar um pouco da magnitude que a revista teve em sua época de existência.

quarta-feira, 14 setembro 2016 14:40
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Finalizando os posts de revistas clássicas, hoje falamos de uma revista italiana que era um dos guias de estilo masculino dos anos 80: a Per Lui.
Assim como existia a Lei, uma revista italiana jovem para a mulher, a sua versão masculina era a Per Lui, só que a versão masculina ainda era mais ousada que a feminina.
Foi na Per Lui que a poderosa Franca Sozzani começou a ensaiar o que faria na Vogue italiana, onde é a editora-chefe desde 1988 até hoje.
Tendo trabalhado na Lei (a versão feminina da Per Lui), desde 1980, e na Per Lui, desde 1982, Sozzani foi a responsável por uma virada nestas publicações, dedicando um super cuidado com os editoriais e com os modelos e fotógrafos contratados.
Foi na Per Lui que fotógrafos então iniciantes como Bruce Weber, Mario Testino, Herb Ritts, Max Vadukul, Steven Meisel, Peter Lindbergh, Tony Viramontes, Koto Bolofo, Michel Comte, Patrick Demarchelier, Pamela Hanson, Jean-Baptiste Mondino, Ellen Von Unwerth, Stéphane Sednaoui, entre outros, começaram a chamar a atenção dos profissionais da moda e publicidade da época.
Nunca me esqueço de um número especial “U.S.A. by Bruce Weber” da Per Lui, de 1985, com capa do modelo Andy Minsker (boxeador descoberto por Weber e que fez o Chet Baker no seu filme “Let’s get lost”) e mais de 120 páginas consecutivas clicadas por Weber, com tributos aos heróis do fotógrafo como Anna Magnani, Peter Beard, Chet Baker; os novos rostos de Hollywood que surgiam naquele momento como Melanie Griffith, Molly Ringwald e outros atores do chamado “Brat Pack” (como eram chamados o jovem grupo de atores que incluía Robert Downey Jr., Andrew McCarthy, etc.).
Num dos números de 1986, Weber também clicou o “Summer Diary 1986”, com styling do usual colaborador do fotógrafo, Joe McKenna, que foi a inspiração direta para o clipe “Being Boring” do Pet Shop Boys.
Mais páginas do Summer Diary de Weber.
Outro editorial famoso foi “Il Ragazzi del Body-Shop”, clicado por Herb Ritts (o fotógrafo que era um dos favoritos de Madonna e já falecido) com styling de Michael Roberts (hoje diretor de estilo e moda da Vanity Fair americana). Ritts havia sido contratado para fotografar trench coats, porém não gostara das roupas enviadas. Junto com Roberts, eles acabaram optando por mudar a concepção e realizar as fotos numa oficina mecânica e fazer as fotos escuras e cruas, diferente do que a revista havia solicitado. Assim, eles utilizaram o modelo Fred Harding coberto de graxa com torso à mostra e macacão amarrado, segurando pneus. Logo, esta e outras imagens fortes foram aceitas pela revista, que acabou publicando o editorial. A imagem se tornou uma das imagens mais famosas da época, ilustrando calendários e postais e intitulada de “Fred with tires” (Fred com pneus).

“Fred with tires”, a famosa foto de Herb Ritts, foi publicada pela primeira vez num editorial da Per Lui.
Os editoriais idealizados por Sozzani eram extremamente criativos, colocava modelos em posição nunca antes imaginadas, as imagens eram marcantes, com referências bacanas, tanto com inspiração em filmes italianos dos mestres Fellini, Antonioni, Visconti, bem como estilistas como Armani e elementos da cultura pop.
Para ela, não bastava apenas fotos bonitas mostrando a roupa, por trás de tudo deveria ter uma ideia, um conceito, um significado, e ela conseguiu transpor isto para as páginas da Per Lui.
Além disso, havia as matérias com textos de jornalistas bem informados, que cobriam arte, cultura, cinema, literatura e muito mais.
A Per Lui era bem vanguarda, geralmente procurava sair na frente das outras, ousando com roupas, maquiagens, cabelos; tudo era uma inspiração constante para quem vivia os anos 80 e não tinha internet para pesquisar.
Publicado pela Condé Nast (a mesma da Vogue e outras revistas de destaque), a Per Lui colocava em suas capas um misto de atores, cantores, bem como novos modelos que surgiam incluindo C. Thomas Howell (de ‘E.T.”, “The outsiders”, “The hitcher”), Miguel Bosé (o popstar espanhol e também ator de filme de Almodóvar), Jenny Howard e Brady Harryman (os modelos descoloridos mais famosos dos 80’s), Rodney Harvey (um dos meninos mais lindos dos anos 80, ator de filmes como “My own private Idaho” e que faleceu de overdose), Billy Idol (que na época estava estourando em sua carreira solo), Matt Dillon (que era o jovem ator mais badalado da época), Sasha Mitchell ( o top model que virou ator de cinema e TV), Anthony Delon (o filho de Alain), John Lurie (do grupo Lounge Lizards e ator de alguns filmes de Jim Jarmusch),Richard Gere, Miles Davis e muito mais.
Além disso, as matérias eram dedicadas a artistas como Michael Clark (o incrível bailarino punk inglês que trabalhou com Leigh Bowery, Bodymap), Chris Isaak (que foi fotografado por Weber e estava surgindo na música e no cinema), Sam Sheppard, Bryan Ferry, Frank Zappa, o filme “Cotton Club” de Coppola, Willem Dafoe, entre outros.
Na direção de arte há a mão de Neville Brody em alguns números, pois o conceituado designer da The Face e Arena, fez várias contribuições para a revista.
Teve participação brasileira em alguns números como o então top model Fabio Ghirardelli, que chegou a estampar capa e editoriais da revista.
Com a saída de Sozzani em 1988, a Per Lui continuou até 1990, publicando editoriais com Claudia Schiffer fazendo às vezes de Brigitte Bardot por Steven Meisel e editorial inspirado por Russ Meyer (com o top Tony Ward, antes de ser namorado de Madonna), mas acabou não resistindo e fechou as portas em setembro de 1990.
Até hoje, as fotos e os números antigos da Per Lui são fontes de inspiração para os editores, estilistas e produtores de moda que reconhecem o importante papel que a revista teve no imaginário visual da década de 80.

quarta-feira, 07 setembro 2016 15:01
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A revista que deixou saudades de hoje é a Arena, a revista britânica masculina que foi publicada de 1986 a 2009 e que abordava moda, atualidade, cultura e mais.
A Arena foi das melhores revistas masculinas já publicadas; com design moderno, fotos incríveis, editoriais inesquecíveis; era daquelas revistas que esperávamos cada exemplar com enorme ansiedade.
Cada edição era extremamente bem executada, sendo que a escolha do homem que estamparia a capa também era sempre alguém que estava no ápice naquele momento, seja um ator, músico, esportista ou alguma celebridade badalada.
No começo, suas capas eram apenas masculinas; até que em 1990 Tatjana Patitz (uma das supermodelos originais) estampou uma capa e desde então as mulheres também passaram a ilustrar as capas junto com os homens.
A revista também foi idealizada por Nick Logan, o mesmo que criou a The Face, e que via no mercado inglês uma carência de revista que abordasse o universo masculino de uma maneira mais estilosa.
As revistas inglesas masculinas da época eram mais caretas, mais certinhas e muitas vezes abordavam assuntos que não surpreendiam, apelando para esporte e fotos de mulheres sensuais.
A Arena era diferente; ela visava atrair um público mais selecionado, um homem mais especial, urbano, mais aberto às novidades, viajado, que se interessava por vários assuntos e gostava de se vestir bem.
Entre os assuntos abordados estavam sexo, fitness, cinema, literatura, fotografia, culinária e muito mais. Seu espectro era amplo, mas dentro disso a revista era ousada e moderna.
Arena era inicialmente publicada pela Wagadon e os primeiros números foram criados pelo genial Neville Brody, o mesmo designer da The Face, que foi o diretor de arte da Arena no período de 1987 a 1990.
Segundo o próprio Brody declarou a Arena era destinada ao público da The Face que havia crescido. E foi isto que levou Logan a lançar a Arena, já que foi constatado que quem mais comprava a Face era o público masculino.
Sua concepção era muito parecida coma Face no início, mas depois de alguns exemplares, Brody optou por uma estética mais minimalista com o uso da fonte tipográfica helvetica por exemplo.
O final dos 80 e durante os 90, foram os períodos áureos da revista, mas a concorrência ia aumentando com a publicação das versões inglesas da GQ e Esquire, bem como a Loaded (considerada a revista do ‘lad”, do garotão inglês).
O primeiro exemplar da Arena foi publicado foi em 1987 e a capa era o ator Mickey Rourke, que na época não possuía as inúmeras operações plásticas que o desfiguraram nos anos posteriores.
Vários profissionais de mídia da Inglaterra trabalharam para a Arena, entre eles Dylan Jones, que foi editor da revista no final dos anos 80, colaborando também com a The Face. Além disso, Jones também trabalhou na I-D e em outras publicações importantes, além de publicar mais de dez livros.
Entre os colaboradores da Arena estavam também jornalistas como Brian Schofield (que escrevia sobre viagens), Tony Parsons (do NME e autor de livros como “Man and a boy”), Karl Templer (um dos melhores stylists de tdos os tempos), Sophie Hewitt-Jones ; fotógrafos como Albert Watson, Nick Knight, Bruce Weber, Miles Aldridge, Luis Sanchez, Aldo Rossi e muito mais.
Em suas capas já estiveram: David Lynch, Jean Paul Gaultier, Elijah Wood, Bryan Ferry, Gary Oldman, John Hurt, Sting, Tim Roth, Ray Liotta, David Bowie, Gerard Depardieu, Damon Albarn, Michael Caine, Paul Newman, Rutger Hauer, entre outros.
Uma de suas capas mais badaladas foi a de 1993, com Bono Vox (do U-2) vestido de diabo vestindo paletó dourado.
No mesmo ano, foi publicado um número especial sobre sexo com contribuições de colaboradores como Camille Paglia.
Em meados dos anos 90, a revista também publicou a ótima Arena Homme Plus, publicação bi-anual focada em moda e estilo, com editoriais magníficos e que continua sendo publicada até hoje.
Uma das sessões que eu mais gostava era a Vanity, uma sessão dentro da revista com dicas de estilo, matérias bacanas com ícones de elegância como Marcello Mastroianni.
Fora os editoriais de moda, que revelaram modelos, estilistas, produtores, enfim, a Arena era pura sofisticação.
Porém, a versão inglesa da GQ (publicada pela Condé Nast, dona da metade da Arena) e a falta de imagens mais apelativas atingiram as vendas da Arena, que foram diminuindo e a revista acabou sendo vendida para o grupo editorial Bauer Media.
A revista também acabou sendo publicada em outros mercados como a Ucrânia, Turquia, Coréia, Tailândia e Singapura.
A nova editora manteve a revista, deu uma popularizada e ainda por cima fez algo que nunca se imaginou: colocou mulheres de seios a mostra na revista visando melhorar as vendas.
Em 2007, a revista passou por uma repaginada, colocando na capa David Beckham e acabou perdendo seus leitores fiéis.
Mesmo assim, a competição com internet e outras causas contribuíram para vendagem em queda e a revista encerrou atividades em 2009.
Arena é mais uma das revistas que deixaram saudades, seu conteúdo de altíssimo nível, matérias de primeira e fotos elaboradas fazem falta de serem folheadas e lidas.

quinta-feira, 01 setembro 2016 15:01
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Não tem como falar da The Face sem falar de outra revista de estilo que era publicada nos anos 80, a revista Blitz.
A Blitz foi uma revista inglesa mensal que cobria moda, cultura, música, teatro, design, fotografia e mais, tendo sido publicada entre 1980 e 1991.
De mesmo nome do famoso club que deu início ao movimento new romantic, a revista era jovem, contemporânea, falava diretamente a este público.
Ela era uma opção entre a The Face e a I-D e conquistou toda uma geração que viveu esta época e que buscava inspiração e ficar por dentro do que estava acontecendo na capital do estilo naquela época: Londres.
A ideia da revista surgiu dos estudantes universitários de Oxford, Carey Labovitch e Simon Tesler, que perceberam a falta de opção no mercado de uma revista que abordasse os assuntos que lhe interessavam.
Labovitch era apenas uma garota de dezenove anos que procurava assuntos interessantes nas revistas da época, mas só encontrava bobagens adolescentes ou publicações como o jornal New Musical Express, focado apenas na música.
Apesar das similaridades com a The Face (que também surgia naquele momento), a Blitz tinha personalidade própria, também inovando nos assuntos e na maneira de falar de cada um deles.
Um dos colaboradores da Blitz era Iain R. Webb, que era o editor de moda , responsável pelos criativos editoriais que a revista exibia, sendo que suas inspirações viam de toda a parte, incluindo filmes e programas de TV ou assuntos daquele momento.
A Blitz já teve capas que incluíam: Matt Dillon, Madonna, Grace Jones, Malcom McLaren, Jack Nicholson, Rupert Everett, John Malkovich, Wham!, Siouxsie Sioux, Peter Murphy, Robert de Niro, Martin Scorcese, Willem Dafoe, Christopher Walken, Steve Martin, Pet Shop Boys, Billy Idol, entre outros.
Entre os fotógrafos que colaboravam com a Blitz estavam Herb Ritts, Mathew Rolston, Nick Knight, Russell Young, Mark Lewis, David Levine, Eric Watson, David LaChapelle e mais.
Um dos números mais icônicos da revista foi o de Julho de 1986, em que Iain convidou 21 estilistas britânicos e internacionais para criarem modelos em cima de uma jaqueta jeans clássica.
Assim nomes como Vivienne Westwood, Katherine Hamnett (estlista famosa por suas camisetas com mensagens políticas), Bodymap, Leigh Bowery (o lendário performer/estilista que arrasava com seus modelos), Hermés, Jasper Conran, Enrico Coveri, John Galliano, Joseph, Stephen Jones (mais conhecido por seus chapéus), Rifat Ozbek, Zandra Rhodes, Paul Smith, Richmond/Cornejo, Stephen Linard, entre outros.
Além disso, a revista produziu um super evento no Albery Theatre, em Londres, com desfile das jaquetas, apresentado por Daniel Day Lewis (o ator que foi capa daquele exemplar, anos antes de ser o ator vencedor de dois Oscars), desfilado por nomes como Boy George, Bowery e mais.
Abaixo alguns highlights do evento:
Após o evento as jaquetas chegaram a ser exibidas no Victoria & Albert Museum.
O desigh gráfico da Blitz foi feito por Jeremy Leslie, que também foi diretor de arte da Time Out londrina e diretor criativo da John Leslie Publishing (editora de várias revistas inglesas) e hoje ele tem o seu blog e estúdio magCulture.
A revista contava com vários colaboradores que incluíam jornalistas e escritores como Paul Morley (jornalista de música do NME, que também trabalhou com o Frankie Goes to Hollywood, bem como ajudou Grace Jones a escrever sua recente biografia), Susannah Frankel (hoje editora da Another Magazine), Simon Garfield (hoje renomado autor de mais de quinze livros), Paul Mathur (que já escreveu para Melody Maker, Spin), Jon Wilde (hoje no The Guardian), Kim Bowen (que escrevia sobre moda para a Blitz), Anna Piaggi (a influente fashion stylist da Vogue Italia), Princess Julia (a DJ que também atacava de produtora), entre outros.
A Blitz era uma revista de vanguarda, muito antes das outras pensarem em fazer alguma coisa, ela já havia feito, como por exemplo colocar bebês em editoriais; visuais exóticos, utilização de modelos inesperados como mendigos, ou utilizar modelos trans ou outros gêneros que ninguém ousava na época.
Teve até um editorial que era somente com sombras ao invés de roupas.
Outro exemplar importante foi o que colocou Boy George na capa, em entrevista exclusiva, logo após o escândalo em que se envolveu com drogas, isto em 1986, e foi lá que ele falou abertamente sobre isto pela primeira vez.
A Blitz era moderna, inovadora, era um prazer folhear as cuidadas páginas da revista, sempre recheada de assuntos bacanas e que não eram fáceis de achar em outras publicações.
Era um pouco mais intelectualizada que a The Face, que era mais pop, com mais matérias sobre livros, sobre política, atualidade.
Jean Paul Gaultier declarou que ia correndo nas bancas atrás de um exemplar da revista, atrás de imagens irreverentes, glamourosas, chique e icônicas.
Em 2013, foi lançado o livro ‘As seen in Blitz”, editado por Iain R. Webb (hoje também professor na Saint Martins), tendo trabalhado na revista no período de 1982 a 1987, e era profundo conhecedor do look da Blitz, escolhendo cem dos melhores editoriais publicados naqueles anos.
O livro mostra várias imagens de editoriais marcantes, históricos, que lançaram moda, careiras, que inspiraram pessoas interessadas na moda dos anos 80.
A capa não poderia ser outra que não a então modelo Scarlett Cannon, um dos rostos mais marcantes dos anos 80, ela era hostess do club Cha Cha e uma das figuras mais emblemáticas da noite e da moda inglesa.

Scarlett (na foto com outro ícone dos 80′s, o modelo/promoter/ músico Christos Tolera) segurando o livro do qual é capa, no lançamento do mesmo.
No lançamento do livro houve um pop-show no ICA Theatre, em Londres, com painéis, exibição de filmes e muito mais.
Além disso, o livro traz fotos não publicadas, entrevistas com modelos, fotógrafos e pessoas envolvidas com estes editoriais.
Com a chegada dos anos 90, de uma grande recessão na Inglaterra, a Blitz acabou perdendo vários de seus anunciantes e mesmo tendo ofertas para sua compra, acabou não cedendo e assim encerrou suas atividades em 1991.
A Blitz era um lugar criado por jovens que não possuiam emprego, que desejavam que sua voz fosse ouvida e não tinham onde se expressar; antes dos empreendedores de hoje em dia, eles fizeram da revista a sua plataforma, mostrando à Inglaterra e ao mundo o que aquela juventude gostaria de ver e de ser retratada numa revista.

terça-feira, 23 agosto 2016 12:57
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E finalizando os posts de duplas musicais, hoje falamos do White Stripes, o duo de blues-rock formado por Jack e Megan White que dominou o rock alternativo no início dos anos 00.
Os dois se conheceram em Detroit, no restaurante Memphis Smoke, onde ela trabalhava e ele lia poesias. Eles passam a frequentar a cena musical da época – nos coffee shops, bares, pequenos teatros – enquanto Jack aprendia a tocar bateria.
A primeira banda da qual ele participou foi a Goober & the Peas, um coletivo cowboy/punk, isto em 1994.
Os dois se casam em 1996 e Jack (cujo nome de solteiro era Gills) adota o sobrenome da mulher, se denominando Jack White.
Com o fim da Goober & the Peas, ele participa de algumas outras bandas como The Go, uma banda de garage/punk que grava o disco “Watcha Doin’”, no qual ele toca guitarra e participa dos backing vocals.
Além do The Go, ele também toca com The Hentchmen e Two-star Tabernacle.
Mas o que ele queria mesmo era formar uma banda com sua mulher, que estava aprendendo a tocar bateria, assim eles criam o White Stripes em 1997.
Desde o começo o White Stripes tinha um
a predileção pelo número três: sua marca registrada passa a serem as cores vermelho, preto e branco; além de optar por vocais, guitarra e bateria (ou piano) e sem o uso do baixo.
O duo opta pela estética lo-fi, utilizando instrumentos antigos, além de um estilo garage/blues/rock que conquista a nova geração.
Assim, eles lançam seu primeiro single, ‘Let’s shake hands”, em 1998 (aqui numa apresentação no Gold Dollar, em Detroit):
No começo, Jack e Megan se diziam irmãos, até que se descobriu que eram na verdade marido e mulher.
Eles assinam com o selo Sympathy for the Record Industry e lançam seu primeiro disco, The White Stripes, em 1999, cujo primeiro single era “The big three killed my baby”:
O disco conquista a crítica, pela mistura que o duo faz de punk/metal/blues/country. O primeiro álbum é dedicado a Son House, o blueseiro que é uma das principais influências de Jack White e do qual ele fez uma cover da canção gospel/blues, ‘John, the revelator”:
O próximo álbum deles, “De Stijl”, é lançado em 2000. O título é inspirado pelo movimento artístico alemão (do qual Modrian era adepto), cujo design minimalista já começa pela capa e influencia também a música.
Neste mesmo ano, Jack e Megan se divorciam, continuando sua parceria apenas musicalmente.
O primeiro single lançado foi ‘Hello operator’:
O álbum conquista o 38º lugar da parada de discos independentes e começam a serem notados pelo mundo pop.
Outro destaque do disco era “Death Letter”, cover de uma música de Son House:
Mas foi com o terceiro disco, ‘White bood cells”, que eles realmente estouraram: na verdade o álbum havia sido lançado em 2001, mas foi relançado pela V2 (gravadora de Richard Branson, da Virgin) em 2002 e os colocou de vez no mapa musical e mundial.
O álbum previlegiava um som mais do rock garage clássico, menos blues e mais roqueiro mesmo e que teve um revival no início dos anos 00 com bandas como o The Strokes e The Hives.
O vídeo de ‘Fell in love with a girl” conquista público e crítica, vencendo três prêmios no MTV Music Awards, com sua animação feita de Lego e direção do conceituado Michel Gondry (diretor de “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”):
O álbum é considerado dos melhores surgidos nos anos 00, incensado por publicações como Rolling Stone, Q, além do Pitchfork, New York Times, entre outros.
Outras músicas que também se destacavam no disco eram ‘Hotel Yorba”, ‘Dead leaves and the dirty ground” (com outro vídeo dirigido por Gondry) e ‘We’re going to be friends”:
Uma curiosidade: o disco foi dedicado a Loretta Lynn, a cantora country admiradíssima nos EUA e que Jack produziu o seu retorno com o álbum “Van Lear Rose” (de 2004).
Em 2003, a dupla lança seu quarto disco, “Elephant”, agora por uma grande gravadora e atingindo o top 10 americano e inglês e conquistando o disco de platina.
O álbum era puxado pela canção ‘Seven Nation Army”, a música mais conhecida deles e que venceu o Grammy de melhor canção de rock. Abaixo o brilhante vídeo da dupla Alex & Martin:
Recentemente a música foi utilizada, sem a autorização deles, na campanha de Donald Trump e foi repudiado pelos dois.
O disco era o momento ápice da carreira da dupla, conquistando o Grammy de melhor álbum de música alternativa e o mais legal foi que naquele ano de 2003, eles se apresentaram num inesquecível show no Tim Festival, que pude conferir e que levou a plateia ao delírio.
Além disso, o disco ainda originou os hits ‘I just don’t know what to do with myself” (cover de Burt Bacharach em vídeo estrelado por Kate Moss) e ‘The hardest button to button” ( com outro vídeo brilhante de Gondry):
Seu próximo trabalho é lançado em 2005, foi todo gravado em Nashville e é intitulado ‘Get behind me satan”.
Neste álbum ele substitui sua guitarra elétrica por uma acústica e melodias mais rítmicas, com pianos e marimba (tipo de xilofone).
O disco origina mais três singles:
- ‘Blue Orchid”:
- ‘My Doorbell”:
- “The denial twist”:
Neste mesmo ano, eles voltam a se apresentar no Brasil, inclusive numa concorrida apresentação no Teatro Amazonas, registro este lançado no ano passado como “Under amazonian lights”.
Aqui no Brasil, ele ainda casa com a linda modelo ruiva e inglesa, Karen Elson (com a qual teve dois filhos, mas já está divorciado).
Em 2006, numa pausa do White Stripes, Jack se dedica ao projeto The Raconteurs.
Em 2007, o contrato deles com a V2 vence e eles assinam com a gigante Warner, lançando no mesmo ano o novo disco, “Icky Thump’.
O álbum alcançou o primeiro lugar na Inglaterra e no segundo lugar da parada da Billboard, mostrando um retorno do duo às suas origens de garage e blues.
Entre os singles do álbum estavam:
‘Icky Thump”:
‘You don’t know what love is (you just do as you’re told)”:
“Rag & bone”:
‘Conquest”:
Apesar de toda a badalação e ótima receptividade, este acaba sendo o último disco de estúdio do duo, que resolve fazer um hiato depois deste: Meg apresentava sinais de ansiedade e Jack se dedica a um novo projeto, o The Dead Weather.
Os dois voltam a se reunir em 2009, no episódio final de Late Night with Conan O’Brien, onde interpretam um de seus antigos sucessos.
No mesmo ano de 2009 é lançado o filme-concerto “Under great White Northern Light” que registra a última turnê que os dois fizeram por várias cidades do Canadá, originando álbum duplo e DVD.
Vários boatos de uma possível volta do duo já foram ventilados, mas um novo trabalho é pouco provável que aconteça.
A última novidade em relação a eles foi o lançamento da canção inédita, ‘City Lights”, que acabou ficando de fora do disco “Get behind me satan”e que acbou ganhando um novo vídeo de Gondry e está incluso no disco ‘Jack White Acoustic Recordings 1998-2016″:
O White Stripes foi o responsável pelo resgate do velho e bom rock n’ roll, feito com prazer, com paixão, conquistando novas gerações para este gênero imortal de música.

quarta-feira, 10 agosto 2016 13:14
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sábado, 11 junho 2016 15:05
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E finalizando os posts de divas italianas, hoje falamos de uma das maiores de todas as estrelas que a Itália nos trouxe: Gina Lollobrigida.
Atriz, fotógrafa, escultora, são várias as atividades que ela se dedicou (ou se dedica), mas ela ficou mesmo famosa por sua beleza, sensualidade e interpretações que conquistaram o mundo.
Linda, ela estraçalhou corações desde Howard Hughes ao Príncipe Rainier e voltou aos noticiários recentemente por homens que disputam seu amor e fortuna.
Gina já contracenou com os maiores astros, desde Sinatra, passando por Yves Montand, Rock Hudson, Burt Lancaster, Marcello Mastroianni, Steve McQueen, Yul Brynner, Sean Connery, Errol Flynn e muitos outros.
Ela já foi dirigida por diretores como John Huston, King Vidor, Carol Reed, Vittorio De Sica, Robert Siodmak, isto só para citar alguns.
Gina nasceu de uma família simples, enfrentou dificuldades na guerra, mas conseguiu trabalho como modelo e ajudava a sustentar a família.
Em 1945, ela estuda pintura e escultura no Instituto de Belas Artes de Roma, até que um descobridor de talentos a convence a participar de filmes rodados na Cinecittà (a Hollywood italiana).
No começo ela recusa, mas já mostra que possuía métodos de persuação, já que os produtores acabam lhe pagando mais do que haviam imaginado.
Em 1947, ela participa de concursos de beleza como o Miss Itália, no qual fica em terceiro lugar (junto com a amiga Silvana Mangano).
Em 1949, ela se casa com Milko Skofic, que vira seu manager e com o qual ela tem um filho, Andrea.
Em 1950, Howard Hughes a chama (sozinha) para fazer testes em Hollywood, depois de ver fotos suas de maiô e ter ficado enlouquecido com “La Lollo”.
Porém, ela não se rende aos avanços de Hughes, mas, por insistência deste, assina um contrato. Mais tarde ela declarou ser muito ingênua e não percebera como Hughes era muito mais interessante que seu marido.
Depois de participar de vários filmes, seu primeiro papel importante acontece em 1953 com o filme “Pane, Amore e Fantasia” (Pão, Amor e Fantasia), no qual ela conquista público e crítica no papel de Maria de Ritis ao lado do veterano De Sica, sob a direção de Luigi Comencini.
No mesmo ano, ela já faz sua estreia no cinema americano pelas mãos de John Huston e tendo como colega de elenco, Humphrey Bogart no filme “Beat the Devil” (O Diabo riu por último).
Gina começava a ser notada pelo mundo, a ponto de estampar a capa da revista Time em 1954.
Em 1955, ela vence seu primeiro David di Donatello como melhor atriz por ‘La Donna più bella del mondo”(A mais bela mulher do mundo). Uma curiosidade: Gina canta todas as músicas do filme como “La Spagnola’ abaixo:
E também a ária de “Tosca” (pela qual recebeu elogios da própria Maria Callas):
Em 1956, ela é dirigida por Carol Reed no drama circense, ‘Trapeze” (Trapézio), no qual ela é disputada por Burt Lancaster e Tony Curtis.
No mesmo ano, mais um sucesso: a versão para o cinema do clássico da literatura mundial, ‘O Corcunda de Notre Dame”, onde ela brilha como Esmeralda, a paixão do corcunda Quasimodo vivido por Anthony Quinn.
Em 1959, ela estrela como a Rainha de Sabá na superprodução de King Vidor, “Solomon and Sheba” (Salomão e a Rainha de Sabá), desfilando figurino criado por Ralph Jester (de “Os dez mandamentos’) que acentuavam suas belas formas.
A cena inicial, de uma orgia, foi retratada de maneira realista para um filme hollywoodiano de época, como vemos no clipe abaixo, com Gina no ápice de sua sensualidade arrasando numa dança pagã:
Ainda em 1959, ela é dirigida pelo mestre Jules Dassin (de “Rififi”) no filme “The Law’ (A Lei dos Crápulas”), contracenando com Mastroianni e Yves Montand.
E também no mesmo ano, ela ainda contracena com Frank Sinatra e Steve McQueen em ‘Never so few” (Quando explodem as paixões).
O estilo de Gina conquistava cada vez mais as plateias e seu estilo era copiado e admirado por todos: as mulheres queriam ser como ela e os homens a desejavam.
Em 1961, ela faz uma ótima dupla com Rock Hudson no filme ‘Come September’ (Quando setembro vier). Ela chegou a declarar que Hudson não parecia ser gay, já que demonstrava sentir algo quando a beijava e que ele foi a pessoa mais adorável com quem já trabalhou; os dois fazem outro filme juntos em 1965 (‘Amor à italiana”).
Em 1964, mais um filme interessante, desta vez ao lado de Sean Connery (o mais famoso James Bond) sob a direção do britânico Basil Dearden (diretor de filmes sobre temas polêmicos como racismo e homossexualismo nos anos 60).
Porém, o restante de seus filmes desta época ou são muito comerciais ou não fazem o sucesso esperado.
Com o seu divórcio, ela passa a ser disputada por Rainier, o então Príncipe de Mônaco, que era casado com Grace Kelly, mas não podia ver a italiana por perto que ficava flertando com ela.
No final dos anos 70, ela se dedica mais á fotografia, retratando celebridades e políticos como Fidel Castro, com quem consegue uma entrevista exclusiva.
Gina já fez mais de 60 filmes e durante os anos 80 ela também faz televisão, aparecendo em episódios de ‘The Love Boat” (O Barco do amor) e também em ‘Falcon Crest’ (em papel idealizado para sua ‘rival’ Sophia Loren).
Além disso, ela faz algumas aparições na TV italiana, mostrando outro de seus talentos, o de cantora, como a vemos abaixo interpretando ‘Bésame Mucho’:
Seu último filme foi em 1997, mas ela continua admirando o cinema e participando de festivais, seja no júri ou homenageada.
Como ela mesma afirma, ela acabou sendo atriz por acaso, já que o que estudava era pintura e escultura.
Com o passar dos anos, Gina continua arrebatando corações, desta vez de homens mais jovens como Javier Rigau y Rafols que era 27 anos mais moço que ela. Eles marcam casamento em 2006, mas a atriz acaba desmarcando.
Porém, ele se mostra um interesseiro de primeira, ao “forjar” um casamento com a atriz, utilizando uma substituta que se faz passar por Gina.
O bafo foi tal que até hoje continua a briga entre advogados para provar que o casamento foi uma farsa.
Neste meio tempo, Gina ainda se envolveu com outro jovem, Andrea Piazzola, que agora é seu manager, para desespero do ex-marido e do filho, já que Gina está com 87 anos e eles não a julgam assim tão sã.
Ultimamente Gina se dedica também a esculpir, ela é fã do trabalho de Jeff Koons e já expôs em vários lugares com a ajuda de Piazzola.
A última que a envolve é uma ação movida pelo próprio filho, alegando que sua mãe precisa de um administrador para seus bens, já que ela já não responde pelos próprios atos.
Com todos estes bafos, Gina está aí, continua frequentando eventos sociais, sempre montada em roupas extravagantes, pencas de joias e nem aí para o que vão pensar sobre ela.

sábado, 11 junho 2016 12:11
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quarta-feira, 25 maio 2016 11:49
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Pete Burns ficou conhecido como o vocalista do Dead or Alive, suas montações e agora também suas inúmeras cirurgias que acabaram por transformá-lo em outra pessoa.
Pete nasceu em 1959, de pai inglês e mãe alemã e esta sentiu desde cedo que seu filho era especial chamando-o de Star Baby.
No início de sua vida adulta, ele já mostrava interesse pela música, trabalhando em lojas de discos como a Probe Records em Liverpool, que virou ponto de encontro dos músicos da época.
Além de chamar muita atenção pelo seu visual com cabelo mega comprido com dreads, muita maquiagem, unhas postiças, tapa-olhos, além de um figurino bem andrógino. Ele afirmava inclusive que Boy George copiou seu estilo.
Em 1977, ele se dá conta que poderia cantar durante ensaios com o grupo Mistery Girls, que na verdade só tocou uma vez, abrindo um show do Sham 69.
Em 1979, ele forma o Nightmares on Wax (não confundir com o grupo de música eletrônica), grupo pós punk gótico que chegou a lançar alguns singles como “Black Leather”:
Depois de muitas trocas entre os membros da banda, em 1980, antes de uma sessão para o programa de John Peel, ele troca o nome da banda para Dead or Alive.
O primeiro single da banda foi em 1982, com “The Stranger”, que atingiu o sétimo lugar na parada de independentes e os fez assinar com a gravadora Epic. Um detalhe interessante é que nesta época fazia parte da banda Wayne Hussey (que foi para o Sisters of Mercy e depois formou o The Mission).
Em 1984 eles lançam o álbum “Sophisticate Boom Boom” que continha a música “That’s the way (I like it)” cover de K.C. & the Sunshine Band e seu primeiro top 40 hit na Inglaterra:
Foi com seu segundo álbum “Youthquake”, produzido por Stock, Aitken e Waterman (que depois produziriam Kylie Minogue, Jason Donovan, Rick Astley, entre outros) que eles alcançaram o sucesso, especialmente devido ao hit “You spin me round (like a Record), primeiro lugar nas paradas inglesas e em vários lugares do mundo:
Seu álbum seguinte “Mad, Bad, Dangerous to know” não teve o mesmo desempenho do anterior, já que não tinha um single forte, assim a música “Brand New Lover” só atingiu o 15º lugar na parada da Billboard:
O álbum ‘Nude” só teve sucesso em mercados como o Japão e Brasil, onde “Come home with me baby” chegou ao primeiro lugar na parada internacional:
Nos anos 90, a carreira do grupo ficou meio estagnada, alguns álbuns e singles de pouco sucesso. Os maiores hits continuavam sendo as coletâneas de sucessos e remixes de músicas antigas.
Pete Burns participou em 2006 do Celebrity Big Brother, reality show de sucesso na TV inglesa, onde ele voltou aos noticiários por suas declarações e por suas cirurgias, que acabaram modificando bastante seu aspecto, já que muitas delas não foram bem sucedidas.
Mesmo assim, ele continua na ativa, fazendo participações em programas na TV inglesa, além de shows (sem o Dead or Alive) como o Hit Factory, que acontecerá em Londres em julho deste ano em homenagem ao produtor Peter Waterman.

sexta-feira, 13 maio 2016 01:51
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sábado, 30 abril 2016 20:08
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quinta-feira, 21 abril 2016 12:05
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O doc musical de hoje acaba de ser lançado na TV inglesa e nos conta um pouco da história do movimento skinhead e se chama ‘The Story of Skinhead”, tendo sido dirigido por Don Letts.
Letts é uma figura lendária da cultura inglesa, pois além de DJ, é diretor de videoclipes e documentários como ‘The Punk Rock Movie”, ‘The Clash: Westway to the world”, entre outros.
Além disso, ele foi dos primeiros DJs a misturar punk com reggae nas suas discotecagens no club Roxy, além de realizar vídeos para o The Clash e até participar da banda Big Audio Dynamite ao lado de Mick Jones (guitarrista do The Clash).
Letts se debruçou na cultura skinhead, considerada dos primeiros movimentos multiculturais, já que reunia os mais diferentes grupos e classes sociais.
O detalhe mais importante do documentário é que ele nos conta as origens do movimento e pasmem: os skinheads não eram violentos, eles curtiam reggae e respeitavam as demais etnias. Com o tempo, esta essência skinhead foi perdendo várias de suas características e ficando cada vez mais associada à violência e ao racismo.
Mas eles não começaram assim; os skinheads se originaram da junção das culturas da classe trabalhadora inglesa (cockney) e a cultura jamaicana, eles se destacavam pela sua maneira de vestir e pelos cabelos raspados (daí o nome skinhead, ou seja, sem cabelo).
No doc, isto é muito discutido, já que como pode os skins gostarem de reggae jamaicano e serem racistas? Isto é muita contradição, concordam?
Mas vamos ao doc: Letts vai nos contando como a primeira leva de imigrantes jamaicanos que desembarcaram em Londres nos anos 60 vão deixando sua música influenciar toda uma geração.
Nesta época existiam os teddy boys, os rocers, os mods; os skins eram uma outra subcultura, eles usavam cabelo curto, raspado, botas, jeans claros, jaquetas. O jeito de vestir os diferenciavam muito e Letts nos leva a uma loja em Richmond, pertencente a John Simmons.
Simmons era o proprietário da loja Ivy Shop, onde os skins compravam suas roupas, especialmente a Harrington jacket (nome inspirado pelo personagem de Ryan O’neal na novela americana ‘Peyton Place”), também conhecida como Baracuta, uma jaqueta utilizada por jogadores de golfe.
Além disso, o reagge era o ritmo escolhido, feito por artistas como Desmond Dekker do selo Trojan.
Ah, é importante notar que as garotas skinhead também eram bem estilosas, usando polos (geralmente da marca Fred Perry), com franja bem curta e um pouco mais compridos na parte de trás.
Além disso, o uniforme skinhead incluía suspensório com Doc Martens (os famosos coturnos ingleses), de preferência na cor vermelha/bordô.
1969 é um ano marcante para os skinheads, pois é o perído em que começam a ser notados pela mídia, especialmente no meio dos frequentadores dos jogos de futebol que enfrentavam a polícia, já que era onde eles podiam extravasar sua testosterona gritando, brigando e fugindo dos policiais.
Nesta época, é lançado o livro “Skinheads” de Richard Allen, que falava mais a fundo do que era ser um skinhead na época.
Uma das músicas que os embalavam era o hit do The Equals, “Black Skinned Blue-eyed boy”, que justamente prega uma harmonia racial de brancos e negros na pele de um negro de olhos azuis:
No doc há depoimentos de figuras importantes no movimento skinhead, tais como Pauline Black (a vocalista do grupo de ska, The Selecter), Roddy Moreno (da banda skinhead The Opressed), Garry Bushell (o ex-manager do Cockney Rejects e que cunhou o termo Oi!), Gavin Watson (fotógrafo do livro “Skins and Punks”), Symond Lawes (ator, autor e idealizador do festival The Great Skinhead Reunion), entre outros.
Outro entrevistado é Joseph Pearce, ex-integrante do partido National Front, com os quais os skinheads foram associados politicamente, o que foi considerado um erro para o movimento, já que era um partido que pregava ideias retrógradas como ser um partido de supremacia branca.
Outro estilo que os skinheads curtiam era o Two Tone, o ska de bandas como The Specials, cujo hit ‘A message to you Rudy” eles muito dançaram:
Com a chegada do movimento punk na Inglaterra, os skinheads tiveram um revival em meados dos anos 70 e passaram a ser associados com os punks, pois se identificavam com estes, e passam a frequentar os clubs onde tocavam as bandas de punk rock, especialmente as bandas do chamado estilo Oi!
O estilo Oi! era um subgênero de punk que unia punks, skinheads; era punk rock para a classe trabalhadora, já se encaminhava para um hardcore, mas também misturava punk rock com bandas inglesas dos anos 60, tinha influência de hinos de futebol e mais.
Uma destas bandas de Oi! era o Sham 69, liderada pelo vocalista Jimmy Pursey (que dá depoimento no doc) e que decretou o final de suas apresentações ao vivo na época em razão de um show em Finsbury Park, em 1979, no qual a apresentação foi invadida por skinheads que apoiavam o National Front.
A banda Angelic Upstarts também atraía os skinheads com suas letras antifascistas e de cunho socialista e são considerados pioneiros do estilo Oi! com músicas como ‘The murder of Liddle towers”:
Com os skinheads indo para uma vertente de rock mais pesado das bandas Oi!, isto também acarreta uma atitude mais violenta, mais furiosa e nervosa, eles passam a usar mais tatuagens por exemplo, inclusive no rosto.
Seu visual vai ficando mais perigoso, mais enfrentativo, com mais elementos militares, até se voltarem para conflitos raciais, enfrentando os negros e as comunidades de asiáticos que viviam em Londres.
No início dos anos 90, bandas como o Skewdriver tem uma postura nitidamente nazista e fascista, altamente racista.
A mídia também contribui para tornar os skinheads figuras temidas e perigosas, sempre envolvidos em brigas e confusões, tonando-se uma facção temida em países da Europa Oriental.
Mas o que o doc nos ensina é que esta visão que a mídia criou do skinhead é uma visão distorcida da realidade; o skinhead original é um cara pacífico, que gosta de curtir o seu reggae e espera-se que esta visão seja novamente recuperada e que possamos reconhecer o real valor desta subcultura que contribuiu muito para o multiculturalismo que vivemos nos dias de hoje.
Corram para ver, pois a BBC4 disponibilizou o doc no youtube, mas costumam retirar do ar em alguns dias:

segunda-feira, 18 abril 2016 13:51
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Nos próximos posts, falaremos de documentários e filmes cujo tema principal é a música, sejam biografias de artistas, documentários sobre bandas, suas influências e mais.
Iniciamos hoje pelo recente documentário apresentado pela BBC 2 inglesa sobre Boy George e suas influências nos anos 70, intitulado ‘Boy George’s 1970s: Save me from Suburbia”.
O doc é simplesmente uma delícia de ver, com Boy George nos conduzindo pela Londres que ele viveu em sua adolescência, desde sua vida nos subúrbios até começar a se antenar para o que estava acontecendo na metrópole na década de 70.
Ele começa se rasgando de elogios para David Bowie, o artista da época que mais o influenciou, pelo qual ele queria largar tudo e segui-lo onde quer que fosse.
Boy George nos mostra discos de Bowie que escutava na sua vitrola, o apartamento onde morou, as influências das músicas que o irmão mais velho escutava.
Outra coisa legal é que sua mãe participa do doc e ela nos fala como era ele adolescente, quando estava descobrindo sua sexualidade e Bowie era influência no seu jeito de agir e se vestir; não era mais um crime gostar de outros meninos, sua opção sexual era sua, uma escolha na qual ninguém deveria se intrometer.
Ele cita a icônica apresentação de Bowie no Top of the Pops interpretando “Starman”, em 1972, um marco em George e seus amigos, bem como toda uma geração de artistas ingleses.
Bem como a vez que foi até o bairro onde Bowie morava com Angie e a casa que pertencera ao casal.
Além disso, Londres vivia uma época de caos econômico, com muito desemprego e atitudes racistas, repressoras e homofóbicas.
Era o momento certo para que o movimento punk nascesse e trouxesse uma atitude diferente para os jovens, de questionamento, de crítica a esta sociedade hipócrita.
Boy George era um destes jovens, ele começa a frequentar a noite, ele nos relata que um de seus amigos que abriram as portas desta modernidade para ele foi Philip Sallon, que aparece no documentário e nos fala dos primeiros lugares que ele levou o jovem George O’Dowd (nome real de Boy) como o Mud Club, Bangs, Louise’s, Bromley Contigent e outros clubs e noites da época.
Mas o que mais chamava a atenção de Boy George era a maneira como Sallon se vestia, sempre com modelitos arrasadores (Sallon trabalhou no departamento de figurinos da Royal Opera House, bem como na BBC) e sem medo de enfrentar a sociedade com sua moda extravagante e cheia de personalidade.
Sallon trabalhou como host no Mud Club, além de realizar bailes que ficaram na história da Heaven, os chamados ‘Heaven Ball”. Era figura badalada e conhecia todo o underground londrino; para ter uma ideia, Malcom McLaren pedia sua opinião inúmeras vezes se por exemplo ele gostava do garoto Johnny Rotten como vocalista do Sex Pistols.
Sallon foi das grandes influências de Boy George, especialmente no quesito de assumir a postura gay e usar a moda a seu favor; ele não tinha medo de ousar, de abusar da extravagância, mas sempre com originalidade, ele estava sempre na vanguarda e o que vestia acabava se tornando moda algum tempo depois.
George nos fala de quando ouviu pela primeira vez a canção ‘Walk on the wild side” e todas as implicações que a letra fazia às pessoas da noite, aos travestis (nas figuras das Warhol superstars Holly Woodlawn e Candy Darling), a ruptura que Reed propunha, um hino de aceitação a um lado mais rebelde de ser.
Outro momento legal do doc é quando ele nos leva na loja Sex de Vivienne Westwood e Malcom McLaren, ou na verdade, o que se transformou o local onde a loja era localizada na King’s Road e todas as lembranças de como ele desejava se vestir com as roupas de lá (mas não podia pagar).
E falando em MacLaren, ele relembra quando foi convidado pelo empresário a participar do grupo Bow Wow Wow e quando ele cantou junto com a banda sem nunca ter pisado num palco antes. Anos depois, ele chegaria ao segundo lugar da parada britânica com ‘Do you really want to hurt me”(chocando a todos com seu visual andrógino):
Boy George vai passeando por lugares que foram marcantes em sua vida, como o famoso Blitz, o club onde o host era Steve Strange e que se tornou o lugar mais disputado da noite londrina no final dos anos 70.
George fala de como a cena New Romantic foi virando mais e mais importante em sua vida, quando esta suplantou o punk para ele; pois quando o punk ficou mais mainstream, os new romantics foram além na produção e ainda mais ultrajante visualmente.
Strange e George competiam por quem atraía mais atenção, já que George ainda era um jovem ingênuo e Strange já era bem mais descolado e conhecido, mas as coisas mudaram bem quando George virou uma sensação mundial.
Um que também aparece no doc é Rusty Egan, que era o DJ do Blitz e nos conta que tocava Bowie, Reed, Velvet Underground, Roxy Music, Kraftwerk e como todos ficavam enlouquecidos na pista.
Inclusive, ele nos guia por onde costumava ser o Blitz, mostrando espaços que ficaram na história da noite londrina.

Rusty Egan (primeiro da dir. p a esq.) com Midge Ure (no centro) e Steve Strange numa noitada no Blitz.
Outra participação é a de Martin Degville (o vocalista do Sigue Sigue Sputnik), amigo de Boy George de longa data, os dois inclusive moraram juntos e eles nos contam como foram estes momentos: a preparação deles para sair, a escolha do figurino, o som que escutavam como o reggae (que foi grande influência no Culture Club) e outras músicas da época.
Além de dividirem o mesmo teto, eles também trabalhavam juntos já que George vendia as roupas de Degville nas feiras locais.
Degville e Boy George inclusive participaram do programa “Something Else’, cujo trecho é mostrado no doc e foi a primeira entrevista de George para a TV britânica, onde ele enfrenta alguns punks que também participavam, isto em 1979, como podemos ver abaixo:
Outras aparições no doc são de Princess Julia, a influente DJ e figura da noite e moda londrina, além de Andy Polaris (do grupo Animal Nightlife), entre outros.
Mas um dos momentos ápices é quando ele encontra seu antigo amigo, Marilyn, que bombou nos anos 80 como cantor, mas mais como uma figura que causava furor por seu visual andrógino e toda montação. Na verdade, Marilyn ficou mais famoso pelos looks que por sua vocação artística, já que nunca atingiu a fama de pop star de Boy George.
É interessante vermos os dois conversando e trocando ideias de como era viver naquela época, eles nos mostram o squat (apartamento abandonado que era invadido) que dividiram e que hoje já é um prédio completamente diferente.
Os dois já foram grudados, já brigaram, viraram inimigos, mas hoje voltaram a ser amigos, afinal eles tem uma história de vida juntos e ambos viveram os altos e baixos da fama. Abaixo os dois numa recente entrevista no programa Breakfast da BBC em função do lançamento do single de Marilyn, produzido por George:
George e Marilyn já questionavam a questão da gênero nos anos 70, muito ates deste assunto entrar em voga, como hoje em dia; eles já se vestiam de mulher, já discutiam os limites do masculino e feminino naquela época, foram perseguidos e não entendidos em função de suas escolhas.
Vale a pena conferir o doc, uma pena que ele estava disponível no youtube (foi lá que o assisti), mas agora a BBC retirou-o do ar, mas existe o torrent para ser baixado.
Como o próprio Boy George define: ‘Eu penso nos anos 70 como esta gloriosa década onde eu descobri quem eu era e descobri todas estas coisas incríveis – punk rock, electro, música, moda, tudo isso. E claro que havia o lado negro dos anos 70, o lixo, as greves, a pobreza e eu fui perseguido e confrontado pelo meu jeito de vestir. Mas eu era um adolescente, não tinha saco de ficar me lamentando; eu só estava vivendo um momento incrível com meus amigos’.

sexta-feira, 01 abril 2016 14:42
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Encerrando os posts de docs e filmes musicais, hoje falaremos de “Miles Ahead”, o filme de e com Don Cheadle, no qual ele nos conta um interessante episódio na vida de Miles Davis, com direito a liberdades no roteiro e concepção das personagens.
Não podemos denominar o filme como uma cinebiografia, pois ele não é um filme linear, que respeita datas e afins; ele nos mostra um período na vida do jazzista no qual ele ficou afastado das gravações e apresentações, como um período de descanso, de afastamento da música e de sua criação.
Há várias cenas de flashbacks, especialmente do envolvimento de Davis com uma de suas mulheres, a dançarina Frances Taylor.
Miles é vivido brilhantemente por Don Cheadle, numa performance que pode lhe render uma indicação ao Oscar, já que ele incorporou totalmente o jazzista, além de treinar as suas músicas e respirar Miles Davis o tempo inteiro, bem como ficar responsável pela direção do longa.
Até as ordens que Cheadle dava aos atores e técnicos era na mesma voz que ele fazia Miles.
Cheadle se envolveu em cada processo do filme, deste a concepção do roteiro (ele co-escreveu o filme com Steven Bailgeman), a trilha sonora, o financiamento apara conseguir levar o filme às telas, apelando para o crowdfunding, bem como a ajuda de amigos.
No final dos anos 70, Miles Davis vivia um período de recesso em sua carreira, de 1975 a 1980, os chamados ‘silent years” (anos silenciosos), agravado por uso de drogas e medicamentos e ele simplesmente sentia que não tinha nada a dizer pela música, ele não tinha vontade de tocar.
O filme usa esta “parada” na carreira pera nos contar um Miles que vivia um período dark, tendo pesadelos de seu passado com a ex-mulher Taylor (interpretada pela atriz Emayatzy Corinealdi), além de ter realizado uma gravação a qual ele ainda não havia lançado e há pessoas interessadas em se apossar destas gravações.
Verdade ou não, o filme mistura várias pequenas histórias, períodos da vida de Miles e é um entretenimento, não uma biografia certinha e documental.
Como o próprio Cheadle declarou, isto não é uma cinebiografia e sim uma peça de música, uma composição, assim ele teve mais liberdade para contar esta história.
Uma figura fictícia tem uma importante participação no filme, o jornalista Dave Braden, da revista Rolling Stone, interpretado por Ewan McGregor (“Trainspotting”, “Moulin Rouge”), que invade o retiro de Miles para escrever uma matéria sobre ele e acaba participando das aventuras com o jazzista para recuperar suas gravações roubadas.
A participação de McGregor foi um dos motivos para que o filme conseguisse financiamento, já que o ator é bastante conhecido mundialmente, além de haver a necessidade de um ator branco para dividir os papéis principais (coisas do cinema comercial americano).
Aliás, o filme tem várias cenas de ação como perseguições, brigas em lutas de boxe, prisões, enfim, são fatos que ocorreram na vida de Miles e que se tornaram elementos utilizados por Cheadle para fazer um filme divertido.
No filme, Miles vive recluso em seu apartamento em NY e avesso às badalações; ele vive a base de remédios (devido à dores causadas nos seus quadris) e estava viciado em cocaína.
O próprio figurino de Miles foi todo estudado conforme o que ele utilizava na época, na fase em que seus cabelos eram mais compridos e encaracolados, usava muitas roupas coloridas e extravagantes com muitas camisas de seda, brocados, rendas, estampa python (foto), além dos óculos escuros bem chamativos e que viraram sua marca registrada no final dos 70.
Cheadle aprendeu a tocar trompete há quatro anos e todos seus números musicais foram feitos em cima das músicas e com ele interpretando cada uma delas e depois foram sincronizadas com as músicas verdadeiras de Miles, para se ter uma ideia do perfeccionismo do ator/diretor.
O romance entre Miles e sua então esposa se passa nos flashbacks e mantém toda a reconstituição daquele período, que cobre final dos anos 50 e início dos 60, sendo que ela foi sua musa inspiradora e modelo na capa de seus discos como “Someday my prince will come”.
Na trilha sonora, os destaques vão para músicas de alguns discos de Miles como “Agharta” (de 1975), o icônico “Kind of Blue” (de 1959), ‘Bitches Brew” (de 1970), ‘We want Miles” (de 1981), “Porgy and Bess” (de 1959), “Nefertiti” (de 1968), entre outros.
Há uma cena bem divertida, na qual Miles e o jornalista vão pegar cocaína de um traficante e ele está escutando o disco “Sketches of Spain” (de 1960) e o trafi não acredita quando descobre que aquele é o próprio Miles e ainda leva um autógrafo do jazzista.
A trilha sonora foi altamente elaborada com diferentes composições de diferentes períodos Miles, além de músicas compostas especialmente para o filme por Robert Glasper, jazzista e artista de hip-hop/eletrônica, vencedor de dois Grammys e que tem em Miles uma de suas maiores influências.
O filme já começa com o “Prelude (Part 2)” do disco “Agartha”:
E também “Miles Ahead”, do disco homônimo:
Numa cena no final do filme, há a participação de lendas do jazz que trabalharam com Miles como Herbie Hancock (que iria fazer a trilha originalmente, mas teve de desistir por falta de tempo) e Wynton Marsalis, além da participação especial de jazzistas mais novos como Esperanza Spalding, Gary Clark Jr. e Antonio Sanchez.
Além disso, o filme realmente aconteceu graças à contribuição de seu sobrinho, Vince Wilburn Jr. (filho da irmã de Miles, Dorothy), que além de ter tocado com seu tio, é produtor executivo de “Miles Ahead”.
Ele fala que a escolha de Cheadle para viver o tio e dirigir foi feita com a benção de toda a família de Miles, incluindo os filhos, e que ele conviveu com o tio neste período do final dos 70 e declara que o que o tio queria era descansar um pouco, curtir seu boxe, assistir aos jogos na TV e passear por NY.
Inclusive foi o próprio Wilburn que ventilou pela primeira vez que se fizessem um filme sobre seu tio, o ator que deveria interpretá-lo deveria ser Don Cheadle, sendo que o ator nem havia se comprometido com o filme ainda.
O filme estreou no final do ano passado no Festival de NY, foi mostrado este ano no Festival de Berlin e tem sido bem recebido nos circuitos comerciais de EUA e Europa. Sua estreia no Brasil ainda não foi confirmada, por enquanto ele pode ser visto em torrent ou neste link do youtube com legendas em espanhol:

segunda-feira, 28 março 2016 14:44
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A BBC 4 está apresentando uma série muito interessante para os amantes da música pop intitulada “The People’s history of Pop”.
A série de programas, com duração de uma hora cada, foi dividida por décadas e com diferentes apresentadores para cada segmento.
O mais legal de tudo é a ideia de contar a história da música pop na Inglaterra através de seus fãs, daqueles que viveram momentos especiais em suas vidas em função da adoração ou admiração a determinado ídolo. Assim, temos os mais diferentes tipos de pessoas, de profissões e origens diversas que possuem uma coisa em comum: o amor por um ídolo pop.
Assim, através das lembranças destas pessoas, da memorabilia que eles guardaram, sejam ingressos de shows, posters, coleções de discos, diários e mais, ficamos conhecendo a história da música pop na Inglaterra.
A BBC dispõe de imagens absurdas, a cada programa que produzem parece que vemos novas imagens que julgávamos que nem existiam, sendo assim eles sempre nos surpreendem.
O primeiro episódio se chama ‘The birth of the fan: 1955-1965” e nos mostra o início da música pop na Inglaterra, no período do surgimento do rock nas terras inglesas, tudo isto contado por um ícone da época: a modelo e atriz Twiggy, um ícone inglês dos anos 60.
Assim, Twiggy nos guia por este mundo, quando o rock ainda era um ritmo pouco conhecido, quando a música pop inglesa era careta e sem graça, uma música mais para os pais do que para os filhos, que não se identificavam com aquele som.
Um dos primeiros ídolos ingleses do rock foi Lonnie Donegan, que trouxe para o pop uma levada mais rock n’ roll, que fazia os jovens dançarem a uma música que era mais a cara deles, com hits como “Rock Island Line”:
Outro gênero que começa a ficar popular no fim da década de 50 era o “skiffle”, que nada mais era do que uma música folk com influências de jazz e blues e onde os instrumentos eram improvisados em caixas de madeira, cabos de vassoura, tábuas e até garrafas.
Um detalhe interessante é que a primeira banda de John Lennon foi um grupo de skiffle denominado The Quarrymen.
No doc, um senhor nos mostra fotos dele com Lennon e com Paul McCartney e inclusive ele assistiu a primeira apresentação dos dois juntos, um momento único no mundo pop.
Ficamos conhecendo um funcionário da gravadora EMI que adquiriu esta gravação e tem esta relíquia guardada a sete chaves, pois seu valor é inestimável.
Outro que começou num grupo de skiffle foi Jimmy Page, muito antes de ele vir a se tornar o célebre guitarrista do Led Zeppelin.
Com a chegada do rock americano em terras inglesas, com artistas como Bill Halley, surgem ídolos de rock como Billy Fury, um produto tipicamente inglês, uma espécie de Elvis inglês, que também estrelava em filmes que enlouqueciam as adolescentes inglesas em produções como “Play it cool”.
É claro que Liverpool teve importância fundamental neste início do rock, pois lá se localizava o porto em que chegavam navios de todo mundo e traziam os compactos de rock produzidos na América.
Estes discos inspiravam os adolescentes de lá a montarem suas bandas e frequentassem clubs onde o rock dominava como no Cavern Club, o lugar onde nasceram os Beatles.
Inclusive vemos imagens da época gravadas dentro do Cavern e fãs que viram os show s que os Beatles fizeram por lá.
O programa de TV da juventude dos anos 60 era o Ready Steady Go, onde os grupos como The Shadows ou o The Hollies se apresentavam e levavam os jovens à loucura.
O doc entrevista a coreógrafa do programa, Theresa Kerr , que era a responsável por selecionar os jovens que iriam dançar e que deveriam ser modernos e descolados, sendo que ela fazia pesquisas nos melhores clubs ingleses como o Scene Club.
Uma destas adolescentes foi a própria Twiggy, que adorava o programa.
O doc também vai nos mostrando as tribos que iam surgindo como os teddy boys, vestidos em seus ternos,com cabelos com topetes e muita brilhantina e sapatos creeper.
E também os mods, com suas lambretas, seus parkas, seus cabelos curtos e frequentando clubs como o The Flamingo, no Soho inglês.
Outra tribo interessante surgida em meados de 60 eram os fãs de bluebeat, totalmente influenciados pela cultura negra e tendo artistas como John Lee Hooker:
O ska também surge nesta época, através de artistas jamaicanos, como Millie Small, autora do hit ‘My boy lollipop”:
O episódio seguinte é ‘The Love Affair: 1966-1976”, apresentado por Danny Baker, escritor, jornalista e apresentador britânico que nos guia por este movimentado período do pop onde glam rock, heavy metal, rock progressivo, psicodelia, reggae, conviviam um ao lado do outro.
Baker trabalhava numa loja de discos na época e nos conta como convivia com toda esta riqueza do que era produzido musicalmente nesta época e as tribos de cada gênero.
Como o próprio nome deste episódio diz, ele fala sobre o caso de amor dos fãs com seus ídolos.
O doc nos fala do momento psicodélico dos Beatles com o álbum Sgt. Pepper’s, o primeiro álbum pop a vir com as letras de todas as músicas.
Don Letts aparece e nos fala de como os Beatles ficaram mais interessantes quando começaram a consumir drogas e abrir sua mente para outras influências e viagens.
Foi nesta década também que a banda acabou e surgiram novos astros.
Era uma época cheia de protestos, de questionamentos políticos e sexuais; além de ser no final da década de 60 o primeiro dos festivais ingleses ao ar livre como o Festival da Ilha de Wight.
Conhecemos no doc um dos organizadores do festival , da edição de 1970, que nos conta toda a atmosfera, além de mostrar memorabilia que ele guardou da época e de apresentações de artistas como Jimi Hendrix, The Who e principalmente o The Doors, com músicas como “When the music’s over”:
Aos poucos, o pop vai entrando para um lado mais dark, o rock fica mais pesado, com influências de magia negra, ritos satânicos, como na música do Black Sabbath.
Ao mesmo tempo, havia também o glam rock, com figuras como Marc Bolan, do grupo T-Rex e sucessos como ‘Get it on”:
Baker nos conta o episódio em que Bolan esteve em sua loja e acabou lhe dando uma camisa de presente e como ele guardou aquilo como um tesouro.
E falando em glam, como não falar de David Bowie, o camaleão do rock, que surgia no final dos anos 60 para enfeitiçar toda uma geração de jovens que viam ali o nascimento de um ídolo diferente dos demais, especial, que possuía um alter ego, Ziggy Stardust.
Inclusive vemos uma fã que foi e guardou ingresso e programa do show em que Bowie se despede de Ziggy, no Hammersmith Odeon, em 1973, momento histórico do pop:
Outra fã de Bowie nos conta como acabou adquirindo uma relíquia: a máscara de metal que ele utilizou em um de seus videos (na foto abaixo nas maõs de Danny Baker).
A escalada do reggae na Inglaterra também é mostrada, principalmente no sucesso de Bob Marley.
Inclusive ficamos sabendo de uma apresentação de Marley na escola londrina Peckman Manor, para alguns alunos, acompanhado de Johnny Nash (autor do hit “I can see clearly now”), antes de se tornar famoso.
O doc ainda fala do rock progressivo de bandas como o Pink Floyd e também do movimento Northern Soul, de como uma fã da época se vestia para frequentar os bailes do Wigan Cassino e curtir toda aquela atmosfera mágica.
The People´s History of Pop ainda continua com mais episódios que falaremos em breve.

sexta-feira, 26 fevereiro 2016 12:47
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O filme musical de hoje é baseado na vida de uma das figuras mais interessantes surgidas no mundo do jazz dos anos 50/60, Chet Baker, que é tema da produção “Born to be blue”.
A película é estrelada por Ethan Hawke no papel de Chet Baker, que tem uma excelente atuação, e pode lhe render (merecidamente) uma indicação ao Oscar de melhor ator para 2017.
‘Born to be blue” é o nome de uma famosa canção de Baker, ela se refere a uma pessoa que já nasceu para ser sofrida, em constantes mudanças de humor e é bem isto que o artista era: uma pessoa problemática, com dificuldades de se relacionar e viciado em heroína, mas com um talento excepcional. Abaixo a música interpretada por Chet Baker:
Baker foi um artista de jazz genial, mas sempre envolvido em problemas com drogas, já que o vício acabou lhe prejudicando muito, além de fisicamente, também profissionalmente, pois acabava não cumprindo suas obrigações contratuais e acabou sendo afastado das gravadoras pelas quais lançava seus discos ou cancelando apresentações.
A direção do filme é de Robert Budreau, produtor e diretor canadense que possui um extenso currículo, especialmente como diretor e produtor de curtas para a TV. O diretor conseguiu captar com habilidade esta personalidade difícil de Baker, uma pessoa em constante luta contra seus demônios, como vemos no trailer abaixo:
E Hawke está ótimo no papel de um Baker mais castigado pela vida, onde sua beleza já está mais deteriorada pelo constante abuso das drogas, “Born to be blue” se desenrola nos anos 60, quando Baker estava saindo da prisão, havia se afastado de sua carreira por causa de seu vício, de ter se envolvido com traficantes que o ameaçavam enquanto não acertasse suas dívidas e havia sido afastado dos estúdios de gravação por não aguentarem seu comportamento.
Um destes estúdios era o da gravadora Pacific Jazz, uma das precursoras do estilo West Coast Jazz, do qual Baker era um dos principais representantes. Um dos mais destacados personagens do filme é justamente Richard (Dick) Bock, o proprietário da Pacific e produtor de importantes discos de jazz, vivido pelo ator Callum Keith Rennie (‘Californication”, ‘The Man in the high castle”).
Em várias situações, Baker pede a ajuda de Dick, seja para voltar a gravar, ou quando precisa de dinheiro emprestado, mas o produtor sempre parece não confiar em Baker, pois a qualquer momento, este poderia ter uma recaída e voltar às drogas. Um dos bons momentos do filme é quando Baker se apresenta nos estúdios da Pacific, como um grande retorno do artista mostrando ao pessoal ligado ao jazz que ele ainda podia arrasar se lhe dessem uma nova chance.
Baker também é convidado a estrelar um filme baseado em sua vida e contracena com uma atriz que vive sua antiga paixão (no filme), ela é vivida pela atriz Carmen Ejogo (‘Selma: uma luta pela igualdade”, “Animais Fantásticos e onde habitam”), que faz os papéis de Jane (no filme dentro do filme) e Elaine.
Elaine e Baker acabam tendo uma atração mútua um pelo outro e resolvem namorar e morar juntos. Ela é um personagem fictício, mas através dela podemos ver a dificuldade de se relacionar com uma pessoa como Baker.
Elaine não sabia da confusão que estava se metendo, pois lidar com os ataques de ciúmes de Baker, das oscilações de humor e temperamento, da sua tentativa de se afastar das drogas e a eterna atração que estas sempre representam na vida do jazzista.
Baker foi dos grandes jazzistas que já habitaram este planeta, seu jeito único de cantar (que influenciou diretamente cantores como João Gilberto), seu talento em tocar trompete, ele era um dos poucos artistas a cantar e tocar um instrumento com maestria.
Muitos standards de jazz ficaram famosos em sua voz, como ‘My Funny Valentine”, que também é interpretada no filme por Hawke e que virou uma de suas marcas registradas. Abaixo a interpretação no filme e a original de Chet Baker:
Outro detalhe interessante do filme é mostrar alguns dos artistas de jazz da época, como seu rival Miles Davis (vivido pelo ator Kedar Brown) e Dizzy Gillespie (Kevin Hanchard), especialmente na cena onde Baker retorna ao Birdland (o jazz spot onde ele fez sua estreia justamente com os dois) para uma nova apresentação e tem de enfrentar o julgamento de seus colegas de profissão.
Abaixo a cena em que ele volta ao Birdland e interpreta ‘I’ve never been in love before” (também cantada por Ethan Hawke no filme):
E a versão original por Chet Baker:
Em uma cena do filme, ele vai visitar seus pais no interior dos EUA e percebemos a dificuldade de relacionamento dele com o pai (papel do ator Stephen McHattie), já que Baker conseguiu ser um artista de sucesso e seu pai (que tocava guitarra) nunca se destacou como artista de expressão.
Mas foi seu pai que o estimulou o gosto pela música, por pior que fosse seu relacionamento.
Um dos episódios que só pioraram sua vida foi uma surra que levou em São Francisco (que é mostrada no filme) e que quebrou alguns de seus dentes, prejudicando sua performance, tudo isto relacionado à dívidas contraídas causadas pela heroína.
Outra presença constante no filme é seu agente de condicional, pois para continuar solto, ele deveria mostrar que estava trabalhando honestamente e tomando sua metadona (para ajudar na falta da heroína). Tendo sido considerado o James Dean do jazz ou o príncipe do cool, Baker começava sua descida ao inferno, até vir a falecer em 1988, ao cair do seu quarto de hotel em Amsterdam (mas isto o filme já não nos mostra).
O filme é correto no seu retrato de Baker, não faz grandes inovações na narrativa, mas é um filme agradável de assistir, pois o tema é muito interessante e Baker é uma personalidade cheia de nuances e que merece ter cada vez mais filmes e relatos sobre sua carreira. Além disso, a trilha está muito bem feita, onde os trompetes de Baker são feitos por Kevin Turcotte e a direção dos números musicais ficou por conta de David Braid (pianista e compositor canadense que já se apresentou mundo a fora), mas nada melhor que ouvir as verdadeiras gravações do jazzista para admirar todo seu talento.
“Born to be blue” ainda não tem data de estreia no Brasil, mas já pode ser visto em torrent ou em plataformas de streaming.

segunda-feira, 22 fevereiro 2016 20:58
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terça-feira, 09 fevereiro 2016 14:26
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Rebelde, inovadora, sensual, quebrando paradigmas, falando em feminismo e assuntos polêmicos quando ninguém o fazia: a revista que marcou época de hoje é a britânica Nova. A Nova foi publicada de 1965 a 1975, justamente quando o mundo enfrentava mudanças radicais com um maior engajamento político e a luta pela liberação das mulheres, que buscavam uma posição de maior reconhecimento numa sociedade machista. O feminismo estava começando a ter cada vez mais adeptas, além das manifestações estudantis, luta pelos direitos civis, o mundo estava em ebulição.
A Nova chegava bem neste momento de mudanças, já começando pelas capas e o design gráfico, muito mais vanguarda que as publicações femininas da época. A revista foi lançada bem no auge Swinging London dos anos 60, uma fase que mudou a Inglaterra, optando por tratar de assuntos mais polêmicos, tendo assim revolucionado a maneira com que as revistas femininas eram oferecidas no mercado.
A revista foi fundada por Harry Fieldhouse, sendo que a primeira editora de moda foi Molly Parkin, que havia feito acessórios para a famosa loja Biba (a icônica loja de Barbara Hulanicki), trabalhado com Mary Quant (a inventora da minissaia) e tido sua própria loja em Chelsea. Parkin ficou na revista até 1967, tendo passado a posição para sua então secretária, Caroline Baker.
Baker foi das primeiras stylistys, quando o termo ainda nem existia, trabalhando com fotógrafos como Helmut Newton (e suas fotos inusitadas e com elementos fetichistas, colaborador de Vogue, Stern e muitas outras), Hans Feurer (o suíço que arrasava nas cores, colaborou muito com a Vogue), Terence Donovan (um dos fotógrafos da swinging London), Sarah Moon (fotógrafa conhecida por suas imagens etéreas e que trabalhou com a Biba, entre outras marcas famosas), Byron Newman (que também trabalhou para as revistas Cream e Deluxe), Bryan Duffy (outro fotógrafo conhecido da Swinging London e que fez a capa de ‘Alladinsane” de Bowie), Peter Knapp (que fez algumas das famosas capas do Roxy Music), entre outros.
Relembrando seus tempos na Nova, Baker declarou que a revista não se guiava pelas coleções de moda de Paris e sim pelo que acontecia nas ruas, com roupas mais condizentes com sua posição social, da classe trabalhadora e que fugisse aos saltos e batons que figuravam nas demais revistas de moda.
Ela se dizia mais influenciada por Che Guevara, hippies, as namoradas dos pop stars, filmes e vestimentas étnicas do Marrocos, Japão e África.

Editorial da Nova utilizando roupas militares para mulheres (quando ninguém pensava nisto) e inspiração a Che Guevara.
Segundo ela, seu então editor, Dennis Hackett, lhe disse: ‘Eu quero que você saia lá fora e faça coisas diferentes. Eu não quero parecer como a Vogue, a Queen (a Harper’s & Queen) ou qualquer outra. Suas páginas de moda devem ser diferentes”.
Entre as inovações na moda que a Nova aderiu em suas páginas estavam: uso de roupas verde-militar, mulheres usando roupas masculinas, usando leggings, roupas do lado contrário e muito mais. E foi nisto que a Nova se sobressaiu, dando uma nova roupagem às revistas femininas, sendo rebelde, feminista, sem medo de ousar. Alguns dos colaboradores da revista incluíam: Susan Sontag (a célebre escritora americana, defensora dos direitos humanos e casada com a fotógrafa Annie Leibowitz), Graham Greene (o escritor de livros como “The Third Man”), Christopher Booker (um dos fundadores da revista Private Eye), Germaine Greer (uma das feministas mais importantes do séc. XX), Lynda Lee-Potter (colunista do jornal inglês Daily Mail) e muitos outros.
A Nova procurava os escritores mais interessantes, polêmicos, brilhantes e desbocados para redigirem suas matérias que incluíam assuntos tabus na época como pedofilia, aborto, homossexualismo, lesbianismo, entre outros. A direção de arte ficava a cargo de Harri Peccinotti (que fez os calendários Pirelli de 1968 e 69) no começo e depois por David Birdsal. David Hillman assumiu o cargo em 1968 e com seu design minimalista, tipografia arrojada, muita utilização de espaços em branco, inovaram a diagramação das revistas na época.
Peccinotti também era fotógrafo da revista e responsável por vários das capas e editoriais; ele foi dos primeiros a utilizar modelos negras em suas fotos, de capturar a sexualidade do dia a dia e colocá-la nas páginas da revista. Ele declarou que a Nova foi feita para uma mulher mais inteligente, que não desejava ser apenas dona de casa, cozinhar ou costurar; a mulher de Nova gostava de política, sexo, saúde, oportunidades de trabalho e mais.
Porém, com a chegada dos anos 70, a recessão e aumento nos custos do papel, a revista foi perdendo anunciantes (bem como encolhendo de tamanho) e diminuindo a circulação. Além disso, a competição foi ficando acirrada com títulos femininos que surgiam como Elle, Cosmopolitan, Marie Claire, entre outras e os anunciantes migraram para estas.
Outro fator constatado foi de que, apesar de ser dirigida ao público feminino, ela acabava sendo mais consumida pelos homens. Assim, a Nova fechou suas portas em 1975, deixando uma lacuna no mercado editorial para sempre. Em 1994, foi lançado o livro “Nova , 1965 – 1975”com muitas fotos das capas e dos icônicos editoriais da revista e que ainda está disponível na Amazon.
A revista voltou numa nova versão em 2000, com novo logo, tendo durado apenas seis exemplares e sendo que um deles teve capa da então iniciante modelo Gisele Bündchen. Eu cheguei a comprar na época, mas não possuía um mínimo do charme e modernidade dos antigos exemplares. A influência da Nova foi fundamental para tudo o que se fez em termos editoriais desde então, sejam em revistas femininas ou masculinas; nunca haverá uma revista tão a frente de seu tempo quanto a Nova.

quarta-feira, 03 fevereiro 2016 01:07
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sexta-feira, 22 janeiro 2016 10:15
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segunda-feira, 18 janeiro 2016 14:41
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A dupla de hoje foi das mais famosas nos anos 60, no início da predominância do folk nas paradas de música pop americanas; eles são Simon & Garfunkel.
Paul Simon e Art Garfunkel se conheceram na escola, aos onze anos, onde Simon (por sua baixa estatura) sofria bullying dos colegas e Garfunkel saía em sua defesa.
Unidos pela mesma paixão pela música, e sob a influência de grupos pop da época como o Everly Brothers, os dois resolvem formar a dupla Tom & Jerry, quando eram adolescentes e gravam a canção “Hey Schoolgirl”, que chega ao top 50 da parada americana em 1957:
Porém, as tentativas seguintes da dupla não dão muito certo e os dois desistem da dupla Tom & Jerry.
Alguns anos mais tarde, Simon continuava envolvido com a música, trabalhando para a E.B. Marks, uma editora musical.
Ele volta a se reunir com o amigo Grafunkel e formam a dupla Simon & Garfunkel, conseguindo uma audição com a Columbia Records e chamando a atenção de Tom Wilson, produtor e especialista de jazz, já tendo trabalhado com Miles Davis e Bob Dylan, entre outros.
O que se destacava na dupla era a poesia das canções de Simon e a voz de tenor de Garfunkel e assim eles lançam seu primeiro álbum, em 1964, “Wednesday Morning 3 A.M.”.
A moda na época era o folk de artistas como Bob Dylan e o álbum seguia este caminho, mas faltava algo mais para cair nas graças do grande público.
Um das canções presentes neste primeiro disco era “The Sound of Silence”, um lindo folk, suave, apenas com as harmonias vocais dos dois e pouca instrumentalização além de um violão acústico:
Graças à sagacidade do produtor Wilson, que viu mais futuro na canção; ele, sem a permissão da dupla, acrescenta mais instrumentos como baixo, guitarra elétrica e bateria, dando à canção uma nova vida e relançando-a em single.
O sucesso da nova roupagem da música foi instantâneo, transformando-a num clássico do folk-rock e lançando a dupla para o estrelato, atingindo o primeiro lugar em 1966. Abaixo a versão mais encorpada:
Os dois estavam prontos para lançar um novo álbum, com letras mais consistentes de Simon e para um público mais abrangente e não somente jovem, utilizando o mesmo nome da canção que os fez ressurgir, o disco “Sounds of Silence”.
O álbum também incluía novos hits como ‘I am a rock” e ‘Richard Cory”:
Aproveitando o destaque que a dupla vinha alcançando, a gravadora resolve lançar outro álbum em outubro de 1966, “Parsley, Sage, Rosemary and Thyme”, num momento bastante conturbado, com movimento hippie, manifestações de direitos civis e outros acontecimentos sócio-políticos que sacudiram a América.
Era o primeiro álbum onde eles tiveram controle total, desde a engenharia do som até a mixagem, já abrindo com a tocante “Scarborough Fair”, uma de suas canções mais inspiradas e baseada numa canção medieval (aqui no Concerto do Central Park):
Outra canção de destaque do disco era ‘Homeward Bound”, aqui numa versão no Festival de Monterey, apresentados por John Phillips (do The Mamas & Papas):
O ano de 1967 foi fundamental para a dupla, já que várias de suas canções são incluídas no filme “The Graduate” (A primeira noite de um homem), o clássico de Mike Nichols que fez de Dustin Hoffman um astro e de Anne Bancroft, a eterna Mrs. Robinson; ganhando uma música especialmente para ela (aqui num vídeo com cenas do filme):
A trilha também incluía outras canções da dupla como“The Sound of Silence”, ‘Scarborough Fair”, ‘April come she will”, entre outras e foi um sucesso arrebatador, vencendo o Grammy de melhor trilha.
Mesmo com a música pop tendendo para um lado mais lisérgico, as canções de Simon & Garfunkel não sofreram alteração radical e sim uma evolução de consistência e maturidade que culminou com o álbum “Bookends”, com a icônica capa em P&B (que inspirou o primeiro disco da dupla Kruder & Dorfmeister).
O álbum alcança o primeiro lugar na parada americana e inglesa com canções como ‘America”, a canção que fala de um casal que viaja pela América e que acaba sendo uma metáfora de uma país que enfrentava o assassinato de Martin Luther King, Robert Kennedy e a Guerra do Vietnã:
Outra canção de destaque do álbum era “A Hazy shade of winter”:
Porém, com o final da década de 60 se aproximando, a dupla vai enfraquecendo sua parceria, com Simon se sentindo limitado numa parceria que se estendia por mais de uma década , além de Garfunkel estar tentando uma carreira no cinema (ele estreia em ‘Catch 22” em 1970).
Seu próximo disco, e último oficial de estúdio como dupla, em 1970, é um de seus maiores êxitos: “Bridge over troubled water”, capitaneado pela música título, um hit mundial absoluto.
Além dessa, o disco ainda gerou mais três músicas de sucesso:
- ‘The Boxer”:
- ‘Cecilia”:
E ‘The Condor Pasa/If I could”:
Além disso, o álbum conquista quatro Grammys, incluindo melhor álbum do ano.
Porém, as desavenças entre os dois tornam-se insustentáveis, inclusive algumas canções de ‘Bridge over troubled water” foram gravadas separadamente e alguns dias após o lançamento do disco, os dois se separam.
Foi um choque para os fãs de todo mundo, com Simon se lançando em carreira solo e Garfunkel indo para Connecticut lecionar matemática, no auge da fama.
Garfunkel continuaria sua carreira de ator no filme “Carnal Knowledge” em 1971 (ao lado de Jack Nicholson e Ann Margret), enquanto Paul Simon lançaria seu primeiro disco solo em 1972, já flertando com a world music.
Os dois voltam a se reunir em 1975, com a canção “My little town”, que atinge o top 10 da parada americana.
Depois, eles só voltariam a se reunir em 1981, com um mega concerto no Central Park que atraiu mais de 500 mil fãs e que originou o álbum duplo ao vivo “The Concert in Central Park”.
Depois de várias tentativas de reunião dos dois, eles voltam a se reunir quando recebem o Grammy Lifetime Achievement Award, em 2003.
No ano seguinte, eles fazem uma lucrativa turnê e mais um disco ao vivo, o “Old friends live on stage”, que culminou com um show no Coliseu, em Roma.
Em 2009, Simon faz uma apresentação no Beacon Theatre, em NY, e Garfunkel faz aparição surpresa, interpretando algumas antigas canções deles. Mais apresentações se repetiram no mesmo ano, incluindo um show no 25º aniversário do Rock & Roll hall of fame.
Porém, em 2010, Garfunkel sofreu de uma paresia (perda de movimento) nas cordas vocais e acabou cancelando uma provável nova turnê com o antigo colega.
Reclamando da falta de apoio de Simon, que segue em sua carreira solo, uma provável reunião dos dois é algo improvável, ainda mais depois das declarações de Garfunkel de que ele havia criado um monstro (Simon).
Ficam as memórias de músicas inspiradas que os dois fizeram enquanto dupla e que até hoje continuam sendo admiradas e escutadas por quem aprecia música pop de qualidade.

domingo, 10 janeiro 2016 15:23
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A dupla de hoje é um duo pop que vendeu nada menos que cem milhões de cópias de seus discos, eles são os irmãos ‘Carpenters’.
O Carpenters (os carpinteiros em tradução livre) era formado por Richard e Karen Carpenter e desde pequenos eles já tinham contato com a música, pois seu pai era admirador de vários grupos pops e Richard já começa a tocar piano com oito anos de idade, enquanto Karen só manifesta desejo de seguir a carreira musical na sua adolescência.
Aos quinze anos, Richard estudava piano em Yale e participava de um trio que se apresentava na cidade de New Haven, em Connecticut (sua cidade natal).
Por volta de 1963, a família se muda para a Califórnia e na universidade, Richard é convidado a participar de uma banda colegial.
Enquanto isso, Karen treinava a tocar bateria e ensaiava em casa, já pensando na ideia de formar sua própria banda.
Aos quinze anos, ela e o irmão formam o Carpenter Trio, com mais um colega de Richard, Wes Jacobs, e seu repertório era basicamente de jazz.
A voz de Karen, um de seus maiores talentos, começava a se desenvolver e mesmo a banda sendo mais instrumental, ela experimenta cantar em algumas canções.
Eles acabam participando de uma audição para o selo Magic Lamp, que procurava novos talentos, e assinam com eles, lançando dois singles como Karen Carpenter. Um deles era ‘Looking for Love”:
Porém o selo não tinha uma boa distribuição e acaba não dando certo.
O Richard Carpenter Trio consegue uma boa posição no concurso “The Battle of Bands”, no Hollywood Bowl, em 1966, com musicas como a versão jazzística de “The Girl from Ipanema”, com a qual eles vencem o concurso:
Agora o trio começa a ser procurado por outras gravadoras que se interessam em lançar discos deles, como a RCA, com quem eles assinam e gravam onze faixas, incluindo “Flat Baroque”:
Porém a gravadora não vê muito futuro numa banda de jazz, já que o que estava pegando na época era o rock psicodélico e os dispensa.
Os dois irmãos se unem a outros colaboradores e lançam um novo grupo, o Spectrum. Mesmo abrindo alguns shows em lugares como o Whisky A-Go-Go, o grupo tem pouca duração e os Carpenters voltam a ficar sozinhos.
Neste período, Karen já enfrentava problemas de peso, se considerando acima do peso normal e se submetendo a dietas rigorosas.
Seu amigo Joe Osborn os convida novamente para gravar no estúdio e eles gravam três novas músicas, em 1968, entre elas “Don’t be afraid”:
O som básico deles estava ali, mas faltava mais destaque para o vocal de Karen, que ainda se considerava uma baterista que sabia cantar.
Assim, os dois resolvem pelo nome Carpenters (sem o The), para soarem como os grupos da época.
Mas ainda faltava o interesse de uma grande gravadora, o que veio acontecer em 1969, quando eles assinam com a A&M, pertencente ao músico Herb Alpert, que fica impressionado principalmente pelos vocais de Karen (na época com apenas dezenove anos).
Em novembro daquele ano, eles lançam seu primeiro álbum, ‘Offering”, que tem presença tímida nas paradas e continha uma cover de ‘Ticket to Ride”, dos Beatles:
Burt Bacharach, também contratado da A&M, se interessa que eles o acompanhem numa turnê, bem como gravem uma de suas composições, ‘(They long to be) Close to you”, alcançando o primeiro lugar da parada americana em 1970:
A canção foi incluída no álbum “Close to you”, que além de lhes dar dois Grammys, ainda origina outro hit, “We’ve only just begun”:
A música foi composta por Paul Williams (de ‘O Fantasma do Paraíso”) e Roger Nichols e acabou se tornando a música mais tocada nos casamentos da época.
Em 1971, eles lançam outro single de sucesso: “Rainy days and Mondays”, também de Nichols e Williams:
Seu próximo single é “Superstar”, uma de suas canções mais emblemáticas. Aqui eles interpretam a canção no programa da então popular comediante Carol Burnett:
As canções estavam incluídas no seu álbum “Carpenters”, lançado em 1971, e que ainda continha ‘For all we know”:
O disco lhes dá mais um Grammy de melhor duo pop daquele ano.
Os Carpenters eram curtidos por uma geração mais adulta, seu pop era jovem, mas não era rock n’ roll; eles atraíam a chamada geração “baby boomer” (que estavam sendo pais na época), mas queriam fazer um pop contemporâneo.
Em 1972, eles lançam mais um hit com ‘Hurting each other”, que alcança o segundo lugar da parada americana:
E no mesmo ano, outro hit com ‘Goodbye to love”, que também atinge o top 10 inglês:
Ambas as canções faziam parte do quarto disco da dupla, ‘A Song for you”, lançado em 1972.
O estilo de Karen começa a ser copiado pelas meninas mais certinhas da época, com muito vestido longo, mangas bufantes, detalhes em lastex ou crochê, cabelos compridos com franja e enchimento (dando impressão de coque).
Em 1973, eles já iniciam o ano com outro mega hit, “Sing”, que vende mais de um milhão de cópias:
E logo em seguida, mais um hit com “Yesterday once more”, que além de fazer sucesso nos EUA, lhes dá a melhor colocação na parada inglesa, atingindo o segundo lugar. Abaixo, eles interpretam a música e mais ‘Top of the world” (outro sucesso do mesmo ano):
Depois de lançarem coletânea de sucessos, fazer apresentações na Casa Branca e no Japão, o duo volta em 1975 com uma releitura de um antigo hit das Marvelettes de 1961, “Please Mr. Postman”, outro mega sucesso que chega ao topo das paradas. O single foi o mais vendido deles e o clipe foi gravado na Disneyland:
No mesmo ano, eles lançam outra música que virou símbolo dos Carpenters: “Only Yesterday”:
Ambas estavam incluídas no álbum “Horizon”, mais um álbum que conquista o público de todo o mundo.
Porém, foi nesta época que Karen começa a sofrer de anorexia nervosa, algo que seu irmão não havia percebido no começo, mas que ela já ficava paranoica com sua aparência em especiais de TV e como resultado de exercícios, em que ela parecia mais cheinha que o normal.
Além disso, a dupla estava sobrecarregada com turnês gigantescas que acabaram por esgotá-los.
Em 1976, eles emplacam mais um hit com “There’s a Kind of Hush”, uma regravação de um antigo sucesso dos Herman’s Hermits, que deu nome a um novo álbum da banda:
Neste período, eles também gravam vários especiais para a Rede ABC, bem como viajam em turnê pela Europa.
Em 1977, eles lançam uma faixa que remete a uma sonoridade mais moderna com ‘Calling ocuppants of interplanetary craft”:
Nesta época, Richard começa a abusar do Quaalude (a pílula usada para se jogar nas discos da época) que ele utiliza como sonífero, mas não sabia dos efeitos colaterais e acaba ficando dependente.
No final dos anos 70, os hits começam a diminuir, eles lançam novos álbuns e disco de Natal, até que Richard entra para um rehab em 1979.
Enquanto isso, Karen partia para um projeto solo, com produção de Phil Ramone (produtor de Bob Dylan, Ray Charles, Aretha Franklin, entre outros), mas suas condições físicas estavam precárias com sua constante perda de peso e idas ao hospital.
Karen engaveta o projeto quando decide voltar a gravar novamente com Richard no disco “Made in America”, de 1981.
O álbum vende bem, mas não alcança o sucesso dos anteriores.
Logo em seguida, Karen continua sua luta contra a anorexia nervosa, frequentando terapias, médicos e não conseguindo engordar o necessário.
Até que em 1983, ela é encontrada inconsciente na casa de seus pais e levada ao hospital, sendo proclamada morta após um ataque do coração, resultado de sua dura batalha contra a anorexia.
Foi um verdadeiro choque para todos os fãs e admiradores de sua carreira, pois ela tinha apenas 32 anos.
Em 1987, o então iniciante cineasta, Todd Haynes (de “Carol”, “Velvet Goldmine”) fez um curta baseado na vida de Karen e intitulado “Superstar: The Karen Carpenter Story”, onde ele conta a vida dela e de seu irmão, utilizando apenas bonecas Barbie. O filme acabou sendo proibido por Richard, por utilizar canções não autorizadas dos Carpenters e pela temática polêmica em retratar a doença da irmã. Mas ele está disponível no youtube:
O álbum solo de Karen só foi lançado em 1996.
Até hoje, eles são admirados pelo seu pop sofisticado, tendo sido homenageados com novas versões de suas canções, como na coletânea “If I were a Carpenter”, lançada em 1998, com a participação de artistas como Sonic Youth, Shonen Knife, Cranberries, Babes in Toyland, e mais.


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